Olá Karatecas, esse mês trago aqui no Blog uma história sensacional de dedicação ao Karate. Certamente é um grande exemplo de cidadania que curiosamente recebemos de uma Professora Belga que da aulas de Karate no Município de Tibau do Sul particularmente em Pipa que fica localizada no estado do Rio Grande do Norte um lugar que tem como principal atividade econômica o turismo, mediante a paisagens estonteantes e la estão algumas das mais belas praias do Brasil.
Ela que neste momento tão sério que é o de pandemia pelo Covid-19, se sensibilizou a uma causa social, preocupando inicialmente com a pratica do Karate por parte de seus alunos e posteriormente a questões mais humanitárias em sua comunidade.
No decorrer dessa entrevista vamos conhecer e tentar apresentar a vocês leitores um lado pouco conhecido de muitos professores de Karate, no caso á dedicação e companherismo com os alunos.
E nesta matéria talvez possamos refletir uma frase muito relevante do Dojo Kun que é: Criar intuito de esforço.
Quero mais uma vez mostrar a vocês que um Sensei além de um professor de Karate, tem uma missão maior do que de ensinar golpes, ele deve primordialmente ajudar a formar pessoas melhores.
Com muito orgulho apresento a história e projeto social da Sensei de Karate Frie Bauwens, natural da Bélgica, vinda de um município pequeno chamado: Dworp, que fica próximo a capital Bruxelas.
Vamos a nossa entrevista...
Jefferson Oliveira: Sensei como você conheceu o Karate? Conte-nos um pouco dessa história.
Frie Bauwens: Em 2003 quando eu tinha 13 anos de idade, participei de uma semana de esportes e artes marciais onde descobri que em meu município havia um Dojo.
Durante aquela semana tivemos aulas de Karate, Judô e Jiu-jítsu e desde o inicio me senti mais a vontade na arte do Karate-do.
Durante aquela semana tivemos aulas de Karate, Judô e Jiu-jítsu e desde o inicio me senti mais a vontade na arte do Karate-do.
De 2005 até 2015 competi muito na Europa principalmente na Bélgica e Holanda, quase exclusivamente no kumite. Até me sagrei campeã europeu e vice campeã mundial da federação IBF
Jefferson Oliveira: A quantos anos você vive no Brasil e como surgiu essa vontade de dar aulas de Karate?
Frie Bauwens: No final de 2015 me mudei para Praia da Pipa e vim para trabalhar na pousada da minha mãe.
A ideia para dar aula veio depois de muita insistência de alguns jovens aqui em Pipa. Eles sabiam do meu currículo e já tinham visto a minha atuação em campeonatos aqui no Rio Grande do Norte.
Quando decidi dar aula queria também ajudar os alunos que entrassem pois aqui há grande problema escolar.
Estou tentando fazer com que eles usem a disciplina do karate para a vida.
Estou tentando fazer com que eles usem a disciplina do karate para a vida.
Por exemplo quem faltou na escola por motivo como chuva também perde dia de treino etc.
Jefferson Oliveira: Você sentiu muito impacto cultural entre seu país de origem à Bélgica e o Brasil? Como é sua relação com os alunos?
Frie Bauwens: Na Bélgica pais e mães tentam sempre que seus filhos busquem um futuro melhor.
No Brasil vejo bem menos isso, já ouvi algumas coisas do tipo:
"Porque você insiste tanto para que seu filho aprenda a ler, a contar. Se eu nunca aprendi e estou aqui por que precisaria disso."
Uma ideia que sempre ouvi, e é tipicamente do meu pais a Bélgica, é que tenho que poupar para os tempos difíceis, essas lições nós aprendiámos já na escola.
No Brasil vejo ser muito comum que algumas pessoas gastem, mesmo, antes de ter o recurso disponível, pelo menos essa é impressão que tenho, percebo até em famílias como melhores condições o hábito de parcelar tudo, em tempos de crise não há reservas por aqui.
Mais o Brasileiro é muito mais acolhedor em relação ao povo da Bélgica e estão sempre prontos para ajudar o próximo. Vale ressaltar que passei 25 na Bélgica e estou apenas 4 anos no Brasil.
No Brasil vejo bem menos isso, já ouvi algumas coisas do tipo:
"Porque você insiste tanto para que seu filho aprenda a ler, a contar. Se eu nunca aprendi e estou aqui por que precisaria disso."
Uma ideia que sempre ouvi, e é tipicamente do meu pais a Bélgica, é que tenho que poupar para os tempos difíceis, essas lições nós aprendiámos já na escola.
No Brasil vejo ser muito comum que algumas pessoas gastem, mesmo, antes de ter o recurso disponível, pelo menos essa é impressão que tenho, percebo até em famílias como melhores condições o hábito de parcelar tudo, em tempos de crise não há reservas por aqui.
Mais o Brasileiro é muito mais acolhedor em relação ao povo da Bélgica e estão sempre prontos para ajudar o próximo. Vale ressaltar que passei 25 na Bélgica e estou apenas 4 anos no Brasil.
Jefferson Oliveira: Como você acha que esse trabalho de ensinar Karate pode contribuir para sua comunidade em especial?
Alunos do Projeto BKP |
Quando eles chegam, muitos tentam um golpe 2 vezes e me dizem: Eu não consigo!
Eu digo tente até conseguir.
Eu digo tente até conseguir.
Depois de um tempo eles conseguem, e eu vou até eles e digo: esta vendo, você consegue, e ainda digo é assim com tudo na vida continue que um dia você consegue.
Como no karate eles colocam metas como: quero ser faixa preta ou quero ser campeão. Tento que eles coloquem metas na vida também, sempre tentando que eles se superem em tudo que fazem na vida para assim tentar que eles cresçam e se tornem adultos responsáveis.
Jefferson Oliveira: Pelo que você me disse sempre gostou muito de Kumite, e inclusive conquistou alguns títulos na Europa. Como foi para você adaptar-se ao modelo das organizações no Brasil, haja visto que aqui existem muitas organizações com diferentes formas de gerenciar o esporte.
Frie Bauwens: Vou ser sincera antes de vir para o Brasil não fazia nem ideia da quantidade de federações que existia no Karate.
Em questão a competir principalmente tive que me adaptar muito.
Nunca tinha competido kata antes, quando cheguei aqui o sensei com qual eu treinava me disse que teria que competir também no kata e tive que treinar muito pois a linhagem é diferente.
No kumite com minha experiência a adaptação foi mais fácil porem algumas adaptações foram necessárias.
Golpes com qual eu marcava muito na Bélgica não marca aqui. E por exemplo chutes nas costas aqui recebe ponto, na Bélgica recebe punição.
Jefferson Oliveira: Fiquei sabendo de uma iniciativa fantástica que você teve; a de organizar um torneio virtual de Karate no intuito de ajudar seus alunos e a comunidade. Conte-nos como surgiu essa ideia.
Frie Bauwens: A ideia veio por que eu sempre fico procurando motivar meus alunos a treinar. Agora com a quarentena por conta do covid-19 vi que muitos estavam desmotivados. Aí fiquei pensando em maneiras de motivação.
Quando eu lembrei que eles adoram competir pensei primeiro fazer um campeonato interno mas aí continuei pensando, e porque limitar, vamos fazer o convite para outros também e isso pode motivar ainda mais.
Pensando no outro aspecto do covid-19 queria também ajudar as famílias aqui que por conta da crise não tem renda.
Por isso estamos cobrando um valor bem pequeno para a inscrição e esse valor vai ser revertido em cestas básicas para as nossas famílias.
Frie Bauwens: Os atletas BKP adoraram a ideia. Todos animados treinando forte, recebo videos deles treinando o dia todo tirando duvidas porque eles querem o melhor resultado possível.
Quando falei que teremos participação de todo o país e até alguns competidores europeus eles se animaram mais ainda. Pois para muitos deles pode ser a única oportunidade de competir com atletas de fora.
Jefferson Oliveira: Conte-nos como será a organização desta competição o torneio virtual. Como as pessoas podem se inscrever?
Frie Bauwens: A organização é bem simples. O atleta terá que gravar tudo, deixando a câmera no lugar do arbitro central.
O atleta apresenta-se, e apresenta o kata que ele ira executar, depois executa o kata.
O valor de R$ 5,00 reais por inscrição pode ser depositado na minha conta.
O comprovante do pagamento juntamente com o vídeo podem ser enviados para o meu e-mail: friebauwens@gmail.com
Frie Bauwens: O Karate para mim foi muito importante. Eu era uma criança muito tímida e insegura. Com a pratica do karate mudei um pouco, ninguém acredita mais quando eu falo isso.
Nesses tempos de pandemia o karate pode ajudar para que as crianças não fiquem sedentárias e ocupa a mente deles.
Considerações Finais
Embora estejamos passando por um situação dura que é a da pandemia, ainda sim é possível encontrar pessoas solidárias, sobretudo prontas para apoiar aqueles que precisam.
Nesse momento onde os interesses pessoais por vezes se sobrepõem a coletividade, e por vezes são até pela necessidade individual, invariavelmente encontramos pessoas com determinação para lutar e não necessariamente dentro de um Koto, e sim, pela igualdade e pela dignidade das pessoas.
Não é só o Covid-19 que ceifa vidas, as necessidades fundamentais de subsistência e falta de humanidade, e apesar dessa retórica, isso pode mostrar-se ainda pior.
E por aqui deixo meu apelo, vamos tentar ajudar esse projeto da Sensei Frie Bauwens por hora fazendo ecoar essa história de amizade e respeito pelo próximo. E se voce puder inscrever seus alunos no torneio virtual seria excelente.
Compartilhe!
Participe dessa competição virtual, seja apenas o que você esta destinado a ser:
Mais que um campeão, um verdadeiro Karateca.
O melhor que você puder ser.
Mais que um campeão, um verdadeiro Karateca.
O melhor que você puder ser.
Agradecimento
Devo dizer que a Sensei Frie Bauwens me surpreendeu no momento que conversei com ela mostrando-se uma pessoa de muito caráter.
Logo quero desejar que seus projetos se estendam por muitos anos, e que seja repleto de conquistas.
Sucesso sensei e muitos anos de Karate.
Parabéns por nos ensinar mais uma valiosa lição de amor à arte e exemplo de dedicação e cidadania.
Jefferson Oliveira
Professor de Educação Física e Estudante de Karate-do estilo Shotokan
Excelente iniciativa!
ResponderExcluirO Brasil e o mundo precisam de mais karate.
Esse é o verdadeiro espírito dessa bela arte marcial.
Osu!