terça-feira, 8 de janeiro de 2019

DOJO OU ACADÊMIA?


Olá Karatecas, na tentativa de tentar buscar respostas eu precisei ilustrar esse texto com uma imagem que é um exemplo: ONDE NÃO TREINAR KARATE. 

Acredito que a ilustração da imagem acima reflete ao fato de que o problema sempre esteve relacionado as intenções das pessoas. Para muitas pessoas que desejam iniciar a pratica do Karate é comumente ouvido a seguinte expressão: “Eu vou fazer Karate”.

É também muito comum ouvir:” Eu vou para academia” ou até mesmo: “Lá o Karate é melhor e é oficial”. 

Nesse sentido gostaria de analisar essas expressões e tentar ajudar aos iniciantes assim como eu a simplesmente encontrar suas próprias respostas. 

Por vezes o que é melhor para mim pode não ser para você, e vice-versa. Entender o sentido dessas palavras é também tentar propor uma análise mais apurada para que você seja conduzido as melhores escolhas seja do local de treino, do estilo de Karate, e até da organização em si. 

Vamos lá! 

Hoje exergo o termo “Fazer Karate” tão complexo e na minha opinião ainda que pareça errado a concordância, me parece bastante apropriado, apenas gostaria de ressaltar que para “Fazer Karate” antes você precise aprender Karate e também treinar muito. Consequentemente um dia poderá sim fazer Karate e claro isso não significará que você irá criar uma própria organização, tampouco o próprio estilo de Karate, é só a forma de você poder expressar os seus movimentos e até seus conhecimentos relacionados a arte, e é claro não se esqueça de zelar pela tradição e eficiência das técnicas primordiais. 

Tradição é aquilo que levamos e até ensinamos de geração a geração por anos e anos sem descaracterizar a sua essência. Um exemplo como essência no Karate é: TODOME-WAZA ou seja golpe definitivo. 

Quanto ao termo: “Eu vou para academia” 

Pensar em ir para academia pode evidenciar suas profundas intenções e até necessidades primarias, pois quem vai para academia não vai em busca de um caminho ou um sentido. Esta pessoa como certeza vai em busca do resultado final e por vezes está em busca de estética, e em outras vezes para combater doenças, e até mesmo para reabilitação física. 

Sejamos claros quem vai para academia, vai por algum tempo, logo que atinge o que ambicionava larga, desiste e acomoda-se. 

“Lá o Karate é melhor porque é oficial”, em relação a essa expressão, aliás acho oportuno falar que o Karate está se fragmentando cada vez mais e isso ocorre principalmente porque ouvimos cada vez mais essa expressão.  

Agora parece que só falta criar uma Confederação Galáctica Interestelar de Karate, isto é, se já não existe. Desculpe o destempero, mais é muito triste que as pessoas encontrem nos rótulos das siglas ou do prestigio da exposição para lograr o título de OFICIAL. 

Oficial para mim é você olhar para o seu objetivo, seja ir para academia ou seja ir ao Dojo, e viver essa realidade sem demagogia, para mim o Karate está onde tem um bom professor, onde há respeito e principalmente quando você reconhece que o que pratica lhe faz bem e principalmente lhe ajuda a crescer em todos os aspectos. E quando você sabe o que quer, e da o melhor de si, isto sim é OFICIAL. 

Hoje é OFICIAL e eu digo para mim mesmo: Preciso treinar Karate para minha vida e eu escolhi ir para o Dojo por que lá não vou em busca de um corpo perfeito ou em busca títulos. O que procuro é um modo de vida saudável e aprimoramento continuo. 

Perceba que os rótulos trazem informações superficiais sobre o conteúdo. Por isso sempre que vejo uma oportunidade relacionado ao Karate procuro experimentar primeiro. 

Vou deixar umas dicas para ajudar você escolher um bom lugar para treinar Karate: 
  1.  Procure saber de onde veio o seu Karate de seu professor.  
  2.  Veja se os seus objetivos estão de acordo com os de sua escola. 
  3.  Observe se o local oferece condições favoráveis ao seu desenvolvimento. 
  4.  Converse com os alunos mais antigos e perceba o que eles se tornaram como Karateca. 
  5.  Se seu objetivo um dia é dar aulas exija os diplomas sempre. 
  6. Use o material esportivo que cabe no seu orçamento, e que lhe deixe mais confortável.
Logo experimente primeiro e veja o que é melhor para você e torne isto como "OFICIAL".  

Oss! Osu! Ossu!
Jefferson Oliveira                                                                                                                        Professor de Educação Física e estudante de Karate Shotokan
#EULEIOLIVROS

Imagem ilustrativa: Filme Karate e kid 3 - O Desafio Final

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

SORTEIO DE 2 UNIDADES DO LIVRO KARATE-DO O MEU MODO DE VIDA DE G.FUNAKOSHI REALIZADO EM 05.01.2019 AO VIVO


#EULEIOLIVROS

Olá Karatecas, este mês estou empenhado em mobilizar pessoas através de uma campanha em prol do regaste do hábito regular de ler livros. 

Atualmente estamos vendo com frequência nos noticiários, um alerta, e que vem veiculado a notícia de que as livrarias estão passando por uma crise e muitas empresas estão fechando as portas. 

E por esse motivo resolvi juntamente com o apoio de muitos amigos realizar essa ação é prol de evitar que obras mais antigas simplesmente desapareça do mercado brasileiro. 

Nesse último sábado dia 05.01.2019 o Blog Diário de Estudante Karate-Do realizou ao vivo o sorteio dos 2 livros Karate-do o meu modo de vida.

Tivemos a participação ativa de 338 pessoas que interagiram diretamente como a nossa matéria especial que é: A IMPORTÂNCIA DA LEITURA E O DESPERTAR PARA AS QUESTÕES TEÓRICAS E CONCEITUAIS NO KARATE-DO.

Os ganhadores do sorteio foram: Fernando Bueno Seibel de Marica/RJ e Paulo Andreatto Bonfim Campinas/SP

E gostaria de agradecer a todos que estão apoiando e  a nossa campanha e parabenizar os vencedores que receberam seus livros nos próximos dias.

Muito obrigado!

OSS!
Jeffeson Oliveira
Professor de Educação Física e estudante Karate estilo Shotokan
www.diarioestudantekaratedo.blogspot.com.br

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

SENSEI DE KARATE VENCE O DESAFIO: KARATE VS MUAY THAI NO EVENTO GALAXY 2



Olá Karatecas,

Hoje estamos aqui para estudar sobre a versatilidade e contundência das técnicas de Karate quando aplicado a combates contra oponentes advindos de outras formas de lutas. Em especial falaremos do Karate estilo Goju-Ryu linhagem Shobukan e suas eficientes técnicas para luta em curta distância. 

Já é sabido entre nós que o Karate perdeu muito espaço na mídia comparando as outras formas de lutas que cresceram nas últimas décadas. Casos como o do Jiu-Jitsu e Muay Thai. 

Não é meu objetivo aqui dizer que esta ou aquela forma é mais eficiente. A ideia é tentar compreender o comportamento e principalmente as várias possibilidades do repertorio de um karateca quando bem treinado. 

O objetivo é estudarmos o Karateca em um ambiente mais hostil e em um terreno desconhecido em relação a sua forma mais peculiar de luta o Shiai-Kumite ou Jiu-Kumite. 

Afinal como se comporta um Karateca lutando em outras regras? 

E quais os motivos levam alguns Karatecas a aceitar as lutas em eventos de contato? 

Para tentar responder essas perguntas hoje trago aqui o meu convidado o Sensei Benicio Soares que é 4º Dan de Karate Goju-Ryu Shobukan, e que recentemente resolveu aceitar o desafio em fazer uma luta contra um atleta do Muay Thai dentro das regras do Muay Thai em dos torneios mais fortes de lutas em pé do Brasil o evento: Galaxy 2 que ocorreu em São Caetano do Sul /SP no dia 10 de novembro de 2018. 

Esse evento que reúne lutadores especificamente de Muay Thai e de Kickboxer. Ele saiu como o vencedor desse desafio em uma luta acirradíssima nas palavras do próprio Sensei e equipe. 

Muitos dizem que o Karate não é mais o mesmo, que perdeu a sua efetividade. Será realmente que a limitação do contato nas competições pode causar esse efeito? O karateca realmente tem maior capacidade de adaptação aos diversos tipos de combate? 

Quantas perguntas para responder, o certo é que temos uma grande história para contar e tomará consigamos responder algumas dessas perguntas hoje. 


Vamos a nossa entrevista..

Jefferson Oliveira: Sensei como você conheceu o Karate ? E qual foi a sua primeira impressão em relação a arte? 

Sensei Benicio Soares: Antes de mais nada eu agradeço pelo privilégio e gratidão em ser entrevistado por você. Vamos lá, acho complexo falar disso, mas eu já nasci com o Karate em meu DNA, sou o único da família a praticar a arte até os dias de hoje. Desde criança sonhava em ser Faixa Preta, então a primeira impressão foi amor pela arte e vontade de viver e passar isso de geração a geração mudando a minha vida e de muitos. 


Jefferson Oliveira: Sei que você pertence a uma escola de Karate tradicional no caso Goju-Ryu Shobukan. Afinal como foi recebido essa ideia no caso da luta pelos seus mestres? 

Sensei Benicio Soares: Bem, meus mestres são Yamauchi e Jeremias Yamauchi e eles não são muito a favor da competição, por eles terem certeza que a nossa maior luta já é em nosso dia-a-dia, e que algo que mais vale na vida de um Karateca é seu o caráter. 
Mais por conta de todo o meu profissionalismo e saberem da qualidade e do karateca que tenho demonstrado, eles deram todo apoio, indicando também karatecas graduados e de extrema confiança para a meu time de preparação. 
Os Karatecas Daniel Nozaki, Roberto, William e também o Gabriel Perpétuo do Boxe me ajudaram para adaptação de guarda e evolução. 

Jefferson Oliveira: Conte-nos um pouco sobre a Goju-Ryu Shobukan. E como a mesma está organizada no Brasil e até fora do país? E quais os principais objetivos da escola no que diz respeito a transmissão do Karate? 

Sensei Benicio Soares: O Karatê Goju-Ryu Shobukan, nasceu em Okinawa pelo Massanobu Shinjo Sensei, e seu Tomodachi Morihiro Yamauchi Sensei trouxe esta arte para o Brasil. 
No Brasil a referência máxima do Karate Goju-Ryu Shobukan Tradicional é o Morihiro Yamauchi Sensei, sendo o percursor desta arte marcial no Brasil. 
Hoje o Yamauchi Sensei é 9º Dan e preza pela tradição do Karate, como ensina o Bushido. 
A Confederação Brasileira Okinawa Karatê-Do Goju-Ryu Shobukan Tradicional é formada por artistas marciais que seguem as tradições do Karate. Esta Confederação está ligada diretamente a Goju-Kai de Okinawa, sendo o Yamauchi Sensei o único mestre autorizado a difundir o Goju-Ryu Shobukan no Brasil. No Brasil existem várias filiais, inclusive na Argentina onde as aulas são ministradas pelo David Raia Sensei. 
Os principais objetivos ensinados pelo Yamauchi Sensei, são o caráter, a honra, a disciplina, o respeito, a coragem, a lealdade e a verdade. 
Não dá para ser um verdadeiro artista marcial, nem aprender e estudar sobre o Goju-Ryu Shobukan sem essas primícias. 
O Hombu dojo hoje não é voltado para campeonatos. Mas o treino e a aprendizagem árdua e dura exigem muito de seus praticantes e estudiosos, portanto é o fator principal de ser um estilo onde poucos se adaptam e perseveram nesse caminho. Podemos dizer que não somos uma Confederação de grandes proporções, mas somos bem estruturados e exigentes com todos os membros, principalmente os Yudanshas que devem assumir a responsabilidade de transmitir o verdadeiro espirito do Bushido através do Karatê Goju-Ryu Shobukan Tradicional. 


Jefferson Oliveira: O que motivou você a participar dessa luta no evento Galaxy 2? E como foi a sua experiência em lutar nas regras do Muay Thai? 

Sensei Benicio Soares: Eu recebi esse convite e antes de aceitar ou assinar algo tive que pesquisar sobre tudo e toda organização do "Evento Galaxy2" e posteriormente levar a ideia até a nossa organização. 
Eu percebi a oportunidade de mostrar o meu profissionalismo com a nossa arte na luta o "Karatê x Muay Thai" 
Em relação as regras da luta, eu tive duas escolhas: Lutar nas regras do "K1" ou nas regras do "Muay Thai" tradicional. 
Aceitei, e fiz questão de lutar nas regras do Muay Thai tradicional para mostrar o quanto é eficiente e preparado é o nosso estilo de Karate Goju-Ryu Shobukan quando se treina da forma correta. 
Fizemos tudo dentro das normas do "Galaxy2" e com todo respeito conseguimos a vitória na luta. 
Tive uma das equipes de preparação e apoio mais profissionais nesse evento e também um número expressivo de torcida nas arquibancadas no evento. Também devo ressaltar por conta do trabalho de divulgação bem feito. 


Jefferson Oliveira: Conte-nos como ocorreu a preparação para essa luta? 

Sensei Benicio Soares: Bom, quando eu aceitei a luta faltava 3 meses para o evento. Juntamente com o meu time, organizamos todo sistema e finalidades, dentro de um aspecto mais profissional. 
Precisei perder 4 quilos para a luta e traçar um cronograma de treinos profissionais, logo tive de treinar todos os dias, descansando somente aos domingos. 
Foi algo extremamente fantástico e complexo ao mesmo tempo, ocorreram treinos o qual tínhamos que ir ao extremo. Porém fui conquistando a evolução muito rápida a cada treino juntamente com minha equipe, e ficamos felizes por conta que o nosso trabalho estava dando tudo certo. E graças a Deus deu tudo certo mesmo, com peso batido, aí, foi só aguardar até o momento da luta. 


Jefferson Oliveira: No dia do evento qual foi atmosfera do Ginásio e como estavam as suas emoções ao ser o único atleta a entrar de Karategi (Kimono) no Ring? 

Sensei Benicio Soares: No dia do evento foi algo fantástico e abençoado por Deus. Por conta do trabalho bem feito de divulgação, fomos umas das equipes a mais terem maior torcida no dia do evento. No geral ocorreu uma movimentação de um público muito grande uma média de 2 mil a 3 mil pessoas. 
Eu cheguei no ginásio com 3 horas de antecedência para a luta. Quando eu passava para os bastidores já tinha seguidores gritando o meu nome. 
E chegando o momento da luta, quando teve a entrada oficial e profissional do Evento Galaxy 2, eu fui o único a entrar com uma música gospel e de Kimono. Nesse momento o público foi ao delírio. 
Eu estava muito focado, só depois nos vídeos que fui ver esses detalhes, como muita gente gritando o meu nome. Mas eu  fiz total esforço para entrar de kimono, honrando e mostrando total amor pela arte e o profissionalismo. 


Jefferson Oliveira: Conte-nos um pouco mais sobre as regras dessa luta e quais as principais adaptações foram necessárias para que você pudesse participar desse evento? 

Sensei Benicio Soares: Eu tinha duas opções em lutar nas regras do (K1) ou nas regras do Muay Thai.  
E como desafiante, e como era uma das principais lutas profissionais do evento eu fiz questão de lutar nas regras do Muay Thai Tradicional. 
E ali nós fechamos essa parceria com o Gabriel Perpétuo do boxe, o mesmo que é irmão do Tiago Bodão Perpétuo atleta do UFC, sendo um grande profissional. 
Tive que fazer essa adaptação por três meses, foram treinos focado já dentro das regras. 
Então, me senti apto e preparado com o Karate e com aquela prática do Boxe por três meses. Foi algo que conseguimos com o Karate e Boxe uma grande evolução e como consequência a vitória. 
O Gabriel Perpétuo do Boxe e o Daniel Garcia Nozaki do Karate, foram os principais no meu corner no dia da luta para auxiliar desde o começo da preparação até o momento de nossa vitória. 

Jefferson Oliveira: Conte-nos como foi a sua luta. Qual foi a sua estratégia para essa luta? 

Sensei Benicio Soares: Como eu já tinha lutado contra outros atletas de Muay Thai, eu sabia que não iria ser fácil, e principalmente por eu saber que o meu oponente era um profissional bom, tendo uma boa bagagem de lutas, o mesmo tendo 20 lutas e já ganhado 3 cinturões. 
Sabíamos que iria ser algo difícil, mas também sabia da qualidade do nosso estilo de Karate e das minhas qualidades e técnicas. 
Que com tudo isso iria ser dois jogos bem diferentes, e isso me deixou confiante. 
Então, por ter realizado treinos específicos para bloqueios das técnicas e regras do Muay Thai, na hora consegui colocar em prática o nosso jogo e movimentações aonde ficou difícil do mesmo me achar. Consegui abrir uma grande diferença de pontuação no primeiro Round. 
Ele mudou a estratégia de luta no segundo round e ele ganha o segundo. Porém, mudamos no terceiro round a nossa estratégia e conseguimos a vitória. 

Jefferson Oliveira: Sensei conheço você a bastante tempo e sei de sua disciplina. Para você o que o Karate tem de diferente em relação as outras formas de luta? 

Sensei Benicio Soares: Complexidade. O Karate é diferente de outras modalidades justamente nas formas de lutar, e ao mesmo tempo temos uma movimentação e técnicas bem diferentes e complexas. Muitos não tem fé ou não acreditam em relação a estas finalidades competitivas, tradicionais e ocultas. Só quem treina com os verdadeiros senseis que sabe do que estou falando. 
É uma arte marcial completa para se lutar contra qualquer outra. Quando se treina da forma correta e com o sensei que é profissional e conhecedor das finalidades em todos os aspectos. 


Jefferson Oliveira: Caso as pessoas queiram lhe procurar para treinar. Onde está localizado o seu Dojo e quais atividades são oferecidas? 

Sensei Benicio Soares: Estamos localizados na rua Pindorama 529, Parque João Ramalho Santo André SP. Temos as seguintes modalidades: Karate para crianças e adultos, Judô para crianças e Boxe para adolescentes e adultos. Temos também projetos e em breve iremos ter outras modalidades. 


Jefferson Oliveira: Se você pudesse transmitir uma mensagem para os Karatecas que estão iniciando agora. O que diria? 

Sensei Benicio Soares: Paciência, persistência e humildade. Pois o Karatê é para a vida toda, indo bem mais além do tatame e Dojo. Sendo cultura e estilo de vida, mudando a nossa vida em todas as áreas. 
Muito obrigado e gratidão por tudo. 
OSS!


Agradecimento

Ao meu amigo Sensei Benicio primeiramente por testar a sua graduação sem recuar dentro do ambiente profissional das lutas de contato. E também por seu esforço em compartilhar essa sua experiência conosco sempre com muita cordialidade e respeito.

Obrigado irmão! Sucesso!


Principais momentos da luta Karate Vs Muay Thai



Conclusão 

Ao final desse estudo percebe-se que o Karate parece estar retomando aos poucos o seu lugar mais que merecido não só nas mídias, mais principalmente na sociedade como uma ferramenta importante na formação de pessoas. Começa a haver um movimento de maior curiosidade e talvez até a procura pela arte marcial.

Um ponto importante para refletir é o quanto o Karate representa para você como praticante, seja você um estudante ou já avançado dentro da arte.

O sentido deve ser levar adiante os ensinamentos que já produziram grandes exemplos de vida e de superação nas figuras dos mestres do passado. E que possamos honrar os ensinamentos recebidos.

Um Karateca já acorda com o sentimento de se testar. Ele não olha para o dia que se inicia como mais um dia. Ele pensa que hoje deve ser o melhor dia, nós valorizamos cada ação e cada respiração e delas buscamos o aprendizado.

Rivalizar com outras artes marciais ou outros Karatecas é errado na minha opinião. Eu acredito que o melhor a fazer é mostrar o quanto a dedicação e o empenho são preponderantes quando se treina uma arte marcial altamente eficiente com disciplina e atenção incondicional. Competir é diferente de rivalizar.

O Sensei Benicio nos mostra que o momento em que o Karate nos solicitar para luta, devemos prontamente atender a sua demanda e mostrar toda a nossa qualidade e disciplina em prol da continuidade de uma tradição marcial que se mostra tão eficaz quanto imprescindível para os dias atuais, em uma época que as pessoas se esquecem que precisam estar em Zanshin em tempo integral.

A nossa principal luta talvez seja: Karate VS Injustiça Social.

"Se quiser derrubar uma árvore na metade do tempo, passe o dobro do tempo amolando o machado." (Provérbio Chinês).

Essa frase cada vez faz mais sentido na minha caminhada sem fim rumo ao aperfeiçoamento dentro do Karate.

OSS! OSU! OSSU!

Jefferson Oliveira
Professor de Educação Física e estudante de Karate estilo Shotokan

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

ATLETAS PCD APRESENTAM-SE EM EVENTO DA VIRADA ESPORTIVA EM SÃO PAULO


VIRADA ESPORTIVA 2018

Os atletas Oscar Garcia, Jonas Amaral e Jaime Ruiz juntamente com Sensei Sérgio Longo participaram á convide do Sr. José Carlos Presidente da Federação Paulista de Karate que por sua vez teve uma enorme participação na Virada Esportiva 2018. Muitos atletas passaram pelo Vale do Anhangabaú em São Paulo no dia 2 de dezembro último domingo . 

OSCAR GARCIA: "Tivemos a oportunidade de representar a categoria PcD (Pessoa com Deficiência) no Karate neste evento de tanta tradição. A inclusão desta categoria PcD é muito importante para melhor compreensão e conscientização. Parabéns a FPK que de forma impar tem levado essa necessidade tão a sério."

Esse ano o Brasil que já esteve muito bem representado por atletas da categoria PcD como por exemplo o atleta Jonas Amaral que no ultimo mundial WKF realizado na cidade de Madri Espanha em 2018, classificou-se mesmo com serias dificuldades de patrocínio na 6ºcolocação geral de sua categoria. Além dele outros atletas subiram ao pódio o atleta Jaime Ruiz que ficou em 3° lugar e que é cadeirante e também a atleta a Débora Knihs que ficou em 2° lugar e é deficiente visual.


JONAS AMARAL: "Para nós PcD (pessoas com deficiência) tudo é mais difícil desde um deslocamento até uma readaptação ao Karate o que nos motiva é a ambição de auto-superação pois o caminho que conduz a "perfeição" não é nada fácil. Quero parabenizar a FPK e ao presidente Zeca por acolher essa causa tão nobre pois estamos ganhando espaço e incentivando pessoas, resgatando vidas com a causa PcD."

Créditos e informações: Oscar Garcia e Jonas Amaral 

OSS!
Jefferson Oliveira
Professor de Educação Fisíca e Estudante de Karate Shotokan
Oss!

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA E O DESPERTAR PARA AS QUESTÕES TEÓRICAS E CONCEITUAIS NO KARATE-DO


Olá Karatecas, este mês resolvi falar sobre uma questão muito importante para a formação intelectual das pessoas, que é o despertar do senso crítico na trajetória sem fim do Karateca em busca de conhecimento. 

Vivemos em um tempo em que as crianças nascem sob a influência das novas tecnologias e se por um lado isso promove facilidades nas vidas dessas pessoas, por outro lado às afastas cada vez mais do habito de ler livros. 

Hoje em dia tudo tem controle remoto, as pessoas preferem cada vez mais os conteúdos áudio visuais. Embora os vídeos possam complementar os estudos e trazer informações rápidas, se refletirmos bem, podemos comparar ao ato de comer um prato de macarrão instantâneo. Explico. 

Nas ultimas 2 décadas cada vez mais as pessoas têm encontrado facilidades na hora de obter informações e realizar variadas tarefas remotamente. E de encontro a essa questão é possível deduzir que as pessoas são conduzidas ao imediatismo, e a falta de senso crítico. Quando não cuidamos de nossa saúde mental somos de certa forma robotizados e conduzidos a tarefas rápidas e não somos capazes de delimitar as fronteiras do que realmente é saudável para o dia-a-dia, e o que efetivamente é necessário para conquistar melhor qualidade de vida. 

O macarrão instantâneo exemplifica exatamente esse efeito, na pratica você precisa de 5 minutos para cozinhar e talvez 5 para se alimentar, e convenhamos isso está longe de ser uma forma ideal de viver uma vida. 

O que proponho nesse texto é que deixemos de lado o macarrão instantâneo e que possamos aprender novas receitas, mais que principalmente, possamos experimentar e também criar novos sabores e sentir efetivamente o que as novas experiências promovem para nosso bem-estar. 

Esse mês senti os efeitos que a falta de leitura causa na vida pessoas a longo prazo, quando resolvi criar esse Blog uma das ideias centrais foi em propor para que as pessoas possam despertar o hábito de ler, assim como você esta fazendo nesse momento lendo essa matéria. E como Educador sei o quanto isso efetivamente pode ajuda você a criar variadas soluções para o mesmo problema, e assim ajudar a ser uma pessoa mais sensata no dia-a-dia. 

Pense bem, uma solução rápida, nem sempre é a melhor para sua vida. Recuse o imediatismo.

Confesso que só depois de iniciar a minha primeira graduação na universidade, comecei a me interessar pelo hábito de ler, e uma das tarefas mais árduas, porém prazerosas ocorreu justamente nesse momento da vida, na elaboração de meu TCC (Trabalho de conclusão de curso). 

Porque falar especificamente sobre isso, já falei nesse blog sobre o termo, disciplina, e digo que quando você se propõe a conhecer algo e se aprofundar sobre determinado assunto a sua evolução mental ocorre progressivamente. 


AFINAL, E O KARATECA, O QUE TEM A GANHAR COM A LEITURA?


Você já parou para pensar a quantidade de músculos e sistemas que se comunicam para o simples ato de respirar? Esse é um exemplo de informação que você obtém através da leitura e os estudos. 

Pois bem um livro também é um sistema, é um banco de dados, é um sistema fechado, porém com variadas perspectivas quando analisadas com despertar do senso crítico. 

Um livro pode abrir um horizonte novo e até criar uma nova linha de raciocínio, quando se lê você começa imaginar o que um autor que viveu por exemplo a 30 anos atrás projetava e curiosamente percebe que um livro também é uma linha tempo, ele fala essencialmente do presente ou passado e as vezes até dos anseios no futuro, porém nos ensina de forma subliminar que o que fazemos hoje afeta o nosso amanhã, às vezes parece até que uma narrativa do passado prevê o futuro, podemos talvez dizer que é um tipo de inteligência que o autor desenvolve ao longo dos estudos. 

O Karateca quando lê sobre as origens do Karate, raramente enxerga o simples fato de que o Karate surgiu em busca da defesa pessoal, porém paralelamente de propor maior equilíbrio emocional as pessoas. Você também é conduzido a conhecer uma nova cultura e isso enriquece sua vida de um modo inestimável. É aí que acontece algo magico você desperta para o querer cada vez mais ouvir histórias e visitar lugares. 

Você também encontrará referências técnicas da arte, como o livro Karate Dinâmico de M.Nakayama, nesse tipo de literatura você verá referências sobre as ciências do movimento. 

Já os livros como as biografias de vida, normalmente são de grandes mestres, esses livros o fará sentir na pele como é difícil permanecer no caminho, também é realizador chegar a casa dos 90 com maior disposição e também poder deixar sua contribuição ao desenvolvimento da arte. 

Com o tempo você deixará de ser um papagaio. Dizia "Sensei: Hélio Arakaki" em um momento. 

Me desculpem o termo mais precisei replicar e usar. Repetir os mesmos movimentos é importantíssimo em qualquer fase do Karate, porém chegará o momento que você precisará de sensibilidade para perceber a atitude de seu oponente ao ponto de antecipar-se, o que é mais conhecido como sen-sen-no-sen. 

O mais importante é que quando um estudante de Karate, lê, o mesmo incorpora um novo repertório de palavras e como consequência torna-se intelectualmente mais preparado. 

Outro ponto importante é a questão da ansiedade, você controla isso, pois você se conecta com a história do livro e percebe que o mais importante é praticar sempre, e não é necessariamente vencer sempre. 

Nos livros você não encontra somente exemplos de pessoas que venceram ou que obtiveram grande sucesso em suas obras.  Em muitos casos serão apenas pessoas que caíram 99 vezes e que mesmo assim levantaram-se por 100 vezes ao longo da vida. 

OS 7 BENEFÍCIOS REAIS SENTIDOS AO LONGO DOS ANOS COM HÁBITO REGULAR DA LEITURA. 

1 - Sua empatia aumenta: 
Em resumo desperta em você um espirito mais cooperativo e te faz compreender melhor o mundo e as pessoas ao redor. 

2 - Você fortalece a criatividade: 
Te ajuda a ser uma pessoa capaz de estar sempre um passo à frente diante de um problema ou situação de dificuldade. 

3 - Os riscos de desenvolver Alzheimer ou demência após a vida adulta diminuem: 
Tudo que você planta, você colhe. A maior parte das doenças surgem da inatividade, muitos males talvez surjam do tal controle remoto.
Várias pesquisas indicaram que o estímulo mental da leitura ajuda a “atrasar” sintomas de doenças como demência e Alzheimer. Um estudo do jornal Neurology, de 2013, descobriu que pessoas que sustentam o hábito de ler após a vida adulta também preservam por mais tempo suas habilidades mentais. 

4 - Sua expectativa de vida aumenta: 
As piores doenças talvez estejam associadas a capacidade mental, e você comanda tudo através de sua motivação para buscar uma vida ativa e saudável. 
Um estudo publicado no periódico Social Science and Medicine revelou que quem lê livros regularmente consegue viver por muito mais tempo. Em testes com mais de três mil voluntários, aqueles que dedicaram cerca de três horas por semana à leitura viveram pelo menos dois anos a mais do que os participantes que não costumavam ler com frequência. 

5 - A leitura também reduz alguns preconceitos: 
Desprenda-se de dogmas, e verdades ditas como supremas, entenda melhor as pessoas e o mundo. 

6 -Níveis de estresse: 
Diminui na medida que você reduz os conteúdos audiovisuais ao passo que aumenta o nível da leitura. Você será uma pessoa muito mais tranquila e menos apegado as coisas materiais. 
Uma pesquisa feita em 2009 pela Universidade de Sussex revelou que ler por apenas seis minutos já ajuda a reduzir em até 68% os níveis de estresse. Esse tempo foi suficiente para que os voluntários diminuíssem a frequência cardíaca e aliviassem a tensão dos músculos. “Perder-se em um livro é o maior estágio de relaxamento possível”, opinou o neuropsicólogo David Lewis, que conduziu o teste. “Não importa qual é o livro, apenas o processo de escapar das preocupações do mundo cotidiano já é uma forma de relaxar.” 

7 - Existe até um tipo de terapia feita com livros: 
A biblioterapia é um conceito antigo que envolve o uso de leituras terapêuticas para reduzir o estresse, sintomas de distúrbios como depressão ou alguma perturbação emocional. Seu uso clínico pode incluir a leitura de ficção e não-ficção e leva em consideração a relação do paciente com o conteúdo de cada livro. 


CONCLUSÃO 

Chega-se à conclusão que uma arte marcial como Karate Do é riquíssima em campo de estudo e aprofundamento, embora pouco explorada. 

É notório hoje nas academias, dojos e centros de treinamento que o aluno espera sempre o conhecimento de bandeja, vindo de seu Sensei, e que poucos efetivamente vão em busca de aprofundamento teórico dentro da arte. 

Resolvi estudar sobre esse assunto pois recentemente desenvolvi um trabalho de regaste de uma obra antiga sobre Karate, riquíssima em informações, essa obra esteve abandonada pela editora por muitos anos, e infelizmente não está à venda nas livrarias, e talvez permaneça assim por muito mais tempo. 

Ao organizar um grupo para compra dessa obra sob demanda percebi que pessoas do interior do Brasil manifestaram maior interesse em relação as pessoas que moram em capitais. Isso reforça a tese dos conteúdos áudio visuais que continuam a dominar o tempo precioso das pessoas, além disso o mais triste que pude notar é que apesar da condição social ou até mesmo geográfica privilegiada em relação ao acesso a informação. A pessoas que tem maior facilidade e talvez recursos financeiros buscam bem menos a informação através do habito da leitura. 

Os números que compartilho com vocês são para explicitar o nível de interesse das pessoas pela leitura: 58% das pessoas que compraram o livro mencionado, são do interior do Brasil enquanto 42% das capitais.

Obviamente tenho muito mais estatísticas que poderia compartilhar e que revelam muito mais, porém o que achei mais relevante foi justamente o exemplo citado,  e que mostra que as pessoas que mais leem são aquelas que menos tem acesso aos livros sobre Karate. 

Ao passo que eu começo a entender melhor as dificuldades principalmente reconhecer todo o mérito de um Sensei na formação das pessoas, também fica evidente que ocorrem algumas situações de comodismo, fico estagnado quando vejo poucos Karatecas em busca de conhecimento nos pós-treino. 

Deixem seus comentários, mais principalmente reflitam sobre as atitudes dentro e principalmente fora do Dojo.

OSS!
Jefferson Oliveira 
Professor de Educação Física e estudante de Karate-Do estilo Shotokan 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/12/7-provas-de-que-ler-faz-bem-para-sua-saude.htm (Acesso em 05.11.2018)

http://n.neurology.org/content/81/4/314 (Acesso em 08.11.2018)

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0277953616303689 (Acesso em 07.11.2018)

https://www.telegraph.co.uk/news/health/news/5070874/Reading-can-help-reduce-stress.html (Acesso em 05.11.2018)

http://www.ala.org/tools/atoz/bibliotherapy (Acesso em 06.11.2018)

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

25 OUTUBRO DIA MUNDIAL DO KARATE



Olá Karatecas,

Há 13 anos a pedido da Assembléia Mundial do Karate Okinawa (OGW), que reuniu-se junto com as autoridades locais de Okinawa para que fosse lembrado como o dia mundial do Karate a partir daquele ano (2005).

O Karate que também é praticado em mais de 150 países, seria lembrado em todo mundo todo ano em 25 de outubro o dia do Karate.

A cada nova data em comemoração, são realizadas diversas atividades, sendo considerada uma arte marcial, entre elas, campeonatos, eventos e encontros entre alunos de Karate reconhecidos e crianças que ainda estão em processo de aprendizado.

Também é realizado a cada ano o desafio dos 100 Katas, onde são repetidos por 100 vezes demonstrando assim a capacidade de superação e perseverança que o Karateca desenvolve através da prática.

Parabéns aos nossos mestres do passado e do presente que continuam em busca de manter essa tradição e sublime forma de aperfeiçoamento denominada: Karate.

Muito Obrigado!

OSS!
Jefferson Oliveira
Professor de Educação Física e Estudante de Karate estilo Shotokan

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

KARATE UMA ARTE MARCIAL QUE É CAPAZ DE TRANSFORMAR AS PESSOAS E COMBATER A DEPENDÊNCIA QUÍMICA.

Olá Karatecas, esse mês trago mais um tema forte para analisarmos, discutirmos e aprendermos. É também muito oportuno falarmos sobre esse assunto. No mês anterior travamos uma luta em prol de maior inclusão social dentro do Karate. 

Esse mês recebi um alerta de um amigo e ao ouvir parte de sua história de vida e do Karate, resolvi me engajar nos estudos sobre a dependência química. E procurar saber como o Karate-Do pode ser usado também como ferramenta de reabilitação para essas pessoas. 

O que me motivou a falar sobre o tema: Dependência Química, foi receber uma mensagem no celular dizendo: Há mais pessoas que precisam de esclarecimentos e de ajuda. Vamos juntos nessa! 

Minha ideia é convidar você em uma “VIAGEM” pelo submundo da dependência química. Ops! Viagem no melhor sentido da palavra, haja visto o preconceito que existe sobre os usuários. Mesmo que de forma inconsciente associamos as pessoas que fazem uso de Drogas e demais alucinógenos com a imagem da derrota. 

Embora eu não seja profundo conhecedor desse tema resolvi ir em busca de conhecimentos que me fizessem compreender o que se passa na cabeça de alguém com dependência química, para então formular algumas teorias sobre o que conduz as pessoas a esse terrível quadro. 

Obviamente muitos são os tipos de dependência química, sejam através de drogas antidepressivas ou substancias altamente nocivas à saúde. Eis um dado alarmante no Brasil: 

Só o Brasil representa 20% do consumo mundial de crack, e é o maior mercado da droga no mundo. No País, aproximadamente dois milhões de pessoas já usaram a droga, segundo a pesquisa mais recente do Lenad (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas), realizado em 2012 pela Unifesp. 

E para quem não sabe o Crack (variação mais barata da cocaína) pode causar perda de apetite, do sono, depressão, e pode até matar. 

Porém o que se torna mais relevante e sustenta o objetivo desse estudo é tentar demonstrar o quanto o Karate-Do pode ajudar no combate a esse terrível mal que assolam as crianças, jovens e adultos. E para isso recebo hoje um amigo e professor de Karate.

Ele que de forma corajosa resolveu expor publicamente momentos de dificuldade que passou a tempos atrás. Ele que também deseja demonstrar os efeitos que o treinamento, conjuntamente com toda a filosofia e os teóricos propostos pela arte marcial caminho das mãos vazias (Karate-Do).

Esses ensinamentos foram e ainda são essências nessa árdua caminhada para se livrar do consumo de entorpecentes e se manter limpo nessa fase renovada de sua vida. 

Meu convidado de hoje é o Professor de Karate Shotokan Atila Ramos. 

RAIO X DO ENTREVISTADO 

Atila Ramos, 34 anos, professor de Karate 1º Dan estilo Shotokan, criador de desenvolvedor do projeto Genki de Karate Solidário na cidade de Mairiporã, um projeto que ajudou a vida de mais 300 pessoas na cidade de Mairiporã. 

Atualmente presidente do Grupo Caminho das Artes (grupo que desenvolve atividades no campo das artes marciais, bélicas, rítmicas, plástica e cultural) e fundador do Tengu Karate Dojo. 

Formado faixa preta pela Associação Nishikawa do Sensei Divino Carlos, já fez cursos com Christoper Pinna, Oswaldo Messias, Douglas Brose, Ennio Vezulli, Takashi Shiigeeda e Jair Pedro. 

Vamos a nossa entrevista... 

Jefferson: Atila San como você conheceu o Karate-Do? E qual(is) motivos os conduziu aos primeiros passos dentro da arte? 

Atila Ramos: Conheci o Karate ainda muito novo, fiz minha primeira aula com lendário Takashi Shigeeda, mas não dei continuidade, fui me apaixonar pela arte alguns anos após com Sensei Luciano e Sensei Wiliam, na quadra de samba do Peruche, no fim do ano de 1994. Com eles fui até a faixa vermelha e participei dos meus primeiros campeonatos, na época eu brigava muito na rua (apanhava dos meninos maiores ) e descobri no Karate um meio de me defender e evitar tais conflitos. 


Jefferson: Com base em experiências ruins que você viveu no passado. O que conduz as pessoas a se tornarem dependentes químicos? E em seu caso o que o prendeu nessa condição por um período da sua vida? 

Atila Ramos: A consciência de ser dependente químico demorou. Na época ainda haviam muitas propagandas de cigarros e bebidas, e nelas sempre a imagem de liberdade, meu contato com as drogas foram através do cigarro e da bebida e aos poucos outras drogas foram seduzindo, com outras propagandas, acredito que a falta de uma estrutura emocional, de uma base familiar solida facilita uma pessoa a entrar neste mundo, porém, não podemos dizer que seja apenas isso, o uso das drogas é uma fuga da própria realidade ou uma tentativa de fuga, aprendi vivenciando isso, que a vida por mais dura que seja deve ser vivida em cada segundo, em cada momento, as drogas me levaram a dormir nas ruas e em casas abandonadas, me tiraram tudo o que eu tinha de material e de quem eu era, me livrar delas me ajudou a reconstruir tudo isso 


Jefferson: O que efetivamente as drogas causaram em você a médio e longo prazo? Conte-nos algumas experiências ruins que você viveu se puder. 

Atila Ramos: As drogas no início parecem ser coisas legais, gente a sua volta, ideias que parecem fantásticas, sensações que sóbrio não se sente, durante o efeito de todas elas tudo parece ser bom, mas o preço que se paga por elas é muito alto, eu perdi a dignidade, o teto, o caráter, já fui agredido, já fui acordado com jato de água, o caso mais extremo foi ser acordado com uma arma apontada para meu rosto, perdi 80% do meu olfato pelo consumo de cocaína e drogas inalantes, e minha memória foi afetada pelo consumo excessivo. 


Jefferson: Dizem alguns dependentes químicos que é sempre uma batalha diária manter-se limpo. Você pode nos contar como foi, ou como é lidar com isso? 

Atila Ramos: Caro Jefferson, estou alguns anos limpo e ainda tem dias em que a vida não está 100%, ou algo não acontece como espero, ai que me vem aquele pensamento de usar, porém, geralmente quando estou nestes momentos procuro pensar na minha família, de como era o medo de dormir sem saber o que poderia acontecer, procuro treinar algumas movimentações, estudo um kata, leio um livro, enfim, me afasto da ideia de fuga da realidade, sei que serei dependente químico para o resto da minha vida, mas a luta diária não é para não usar, é sim, não pensar em usar. 

Para me livrar dos vícios, no caso do cigarro desenvolvi um sistema para auxiliar nesse processo, fiz um makiwara em uma arvore que tinha no quintal da minha casa, e todas as vezes que dava vontade de fumar eu ia até o aparelho e dava 10 tsukis, 10 gueris, 10 ukes, alongava e voltava para casa, este processo durou 2 anos, e hoje quando me pego com vontade de fumar cigarro (geralmente me vem à lembrança do gosto do cigarro, já que não tenho memoria olfativa do cheiro) eu faço algumas movimentações, alongo e respiro. 


Jefferson: E o Karate-Do que papel teve em sua recuperação? E você teve apoio de outros Karatecas nessa fase? 

Atila Ramos: Eu sempre digo que o Karate salvou minha vida, quando iniciei meu treinamento com o Sensei Divino Carlos eu ainda era dependente químico ativo, e em cada treino, em cada conversa com o sensei fui ganhando ferramentas, fui batalhando comigo mesmo para conseguir superar, cada dia era uma luta diferente, em maior ou menor escala o karate me trouxe algo que eu traduzo como auto confiança, mas foi mais que isso, o primeiro DOJO KUN que sempre liamos no dojo era: Esforçar-se para a formação do caráter, e para meu entendimento isso mostra que o dever do Karate é ir desenvolvendo nosso caráter dia-a-dia, formando e moldando ele, e não que ele já está pronto, outro DOJO KUN que me foi importante a época, e ainda é, é o que diz: Criar o intuito de esforço, afinal, para vencer é necessário muito esforço. 


Jefferson: E na vida dentro dos tatames. Qual foi o momento mais marcante em sua caminhada como karateca? 

Atila Ramos: Os momentos marcantes, foram vários, mas em relação a esta luta contra o vício foi quando um amigo, sensei Padoan, um dia conversando comigo falou que sentia orgulho, porque sabia que a luta contra o vício me deu ferramentas para ser um sensei melhor, se não me engano ele disse algo como: imagino como deve ter sido difícil. E aquilo por mais corriqueiro e simples que pareça, me deu forças para seguir o caminho adiante, este tipo de reconhecimento é importante, mostra que não estamos sozinhos no mundo. 


Jefferson: Muitos karatecas constantemente relacionam o Dojo e os amigos de treino comparando-os com uma grande família. Como você descreve essa relação particularmente dentro de sua vida e com seus alunos? 

Atila Ramos: Hoje não tenho como não comparar o karate com a minha família. Comecei a dar aulas devido a minha filha Ariadne (a mais velha atualmente com 10 anos) que tinha 6 anos e um dia vira e diz que quer treinar karate comigo, eu de prontidão disse que a levaria no sensei Divino (que é avô dela), mas ela disse que queria que eu a ensinasse, mas para isso eu teria que parar de fumar, na época fazia um ano que estava morando comigo e um ano que estava separado da mãe dela, e fumava cerca de 30 cigarros por dia, neste processo de parar de fumar eu mergulhei em treinamento, teria que estar preparado para dar aulas a ela, nesse período conheci o Vinicius (Vinikun) que se tornou meu primeiro aluno (primeiro aluno formado faixa preta) e 6 meses após minha filha iniciou os treinamentos comigo, junto com mais 6 alunos. Isto marcou como o inicio de minha carreira como sensei (apesar de eu ainda estar na faixa marrom nessa época) 


Jefferson: Quais foram as pessoas que mais te apoiaram nessa fase de recuperação? E como ocorreu esse processo? 

Atila Ramos: Poderia passar horas escrevendo o nome de pessoas que direta e indiretamente foram importantes neste processo, que apoiaram e me ajudaram, mas vou destacar a minha família, que foi a base de tudo, meu sensei e diversos conselhos, campeonatos, cursos, treinos enfim, aos meus alunos que acreditaram que eu poderia ajudar, aos muitos pais de alunos que confiaram em meu trabalho, a minha filha que foi minha maior incentivadora para me tornar uma pessoa melhor e ao sensei Funakoshi que desenvolveu mais que uma luta de socos e chutes, mas um sistema de pensamento que trabalha em se tornar uma pessoa melhor. 


Jefferson: Falando abertamente o que você enxergou dentro da prática do Karate-Do que o deixou mais forte durante a sua peleja contra a dependência química? 

Atila Ramos: Inicialmente foi a luta, quando reiniciei a prática, shiai kumite era minha paixão, porém, meu sensei passava muito kihon, muito kata e isso foi se tornando um paralelo entre o combate ao vício e o aprendizado, como disse minha memória foi afetada com o uso das drogas, ou seja, demoro um pouco mais que o normal para assimilar as técnicas e as sequencias dos katas, então isso passou a ser um desafio que valia a pena, outra coisa que me fortificou muito foi me descobrir como um bom comunicador, e por consequência um certo dom para ensinar, sou muito detalhista porque preciso desses detalhes para entender e assimilar as técnicas, então diria que o que me chamou mais atenção no primeiro plano foi o kumite, porém, minha paixão se tornou o kata, o kata é uma luta onde tem que se enfrentar inimigos imaginários, ou seja, em cada kata luto contra uma falha que tenho, um vício, um defeito, em cada movimento, ganho auto confiança, ganho experiência e vida para seguir em frente 


Jefferson: Em nossas conversas você me disse que queria ajudar outras pessoas contando as experiências que vivenciou. Nessa fase sóbria da vida, você já conseguiu efetivamente ajudar na recuperação de outras pessoas com dependência química através da pratica do Karate-Do? 

Atila Ramos: Tenho um aluno atualmente que está nessa batalha contra os vícios, além de aluno ele foi uma das pessoas que fizeram parte do período em que estava usando drogas, ele veio me pedir ajuda, e eu mostrei o karate, fiz o papel do meu sensei (e ainda faço) aconselhando, chamando para treinar, incentivando, enfim, acreditando que ele é capaz de lutar contra os defeitos e vícios dele, porém, este veio abertamente. Tenho um caso legal que foi um aluno que era usuário e pensava que eu não sabia, e um dia eu comentei com a turma, como era difícil, e que eu tinha superado, que sempre que eles chegavam no tatame e me viam treinando era porque essa era uma das formas que eu vi como lutar contra os vícios e este cara acabou me usando como exemplo, a alguns meses recebi uma ligação dele no WhatsApp e ele me dizendo que desde o dia que falei no Dojo ele não usou mais nenhuma droga e queria me agradecer. Me emociona falar disso porque acho que nós professores (senseis) nem sempre temos a noção da importância do nosso trabalho na vida daqueles que estão ali na nossa frente durante as aulas. 


Jefferson: Caro Atila San você poderia nos deixar uma mensagem sobre a luta, e vitória sobre as drogas?

Atila Ramos: Eu sou dependente químico inativo, faixa branca eternamente, já morei nas ruas, já comi o pão que o diabo amassou com areia. Um dia conheci o Karate e com isso conheci o budo e pessoas incríveis, todas elas acreditaram em mim, mas só consegui vencer todos os machucados que a vida me deixou, no dia que eu comecei a acreditar em mim mesmo, quando lutar deixou de ser bater no outro, quando um campeonato parou de ser só a medalha, quando o Karate salvou minha vida, foi quando eu me peguei me segurando nele para não desistir de mim mesmo. 
O karate é capaz de fazer nossas vidas se tornarem melhor, criam laços fortes, criam laços de familia, mas depende de todos nós nos esforçarmo-nos a melhorar nosso caráter, a desenvolver nosso ímpeto e desejo de esforço, depende de nós a cada treino, ter fidelidade com nossa realidade e nos entregar ao treino de verdade, é aprender a respeitar nossos limites, mas também os limites dos outros, é lutar todos os dias contra impulsos, desejos e agressividades sejam eles em nós ou para com os outros. O karate salvou minha vida e pode salvar a de muitas pessoas que assim como eu estão na luta contra a dependência. 
Aos senseis que tiverem a oportunidade e o desejo de se aprofundar ou até mesmo desenvolver, clinicas de reabilitação aceitam trabalhadores como voluntários, uma hora por semana, pode fazer com que o karate salve a vida de outras pessoas, pesquise, pode ser um campo em que o Karate ganhe ainda mais pessoas com desejo de seguir o Dojokun no dia-a-dia e não somente no final do treino 


AGRADECIMENTO 

Esse estudo só foi possível através da ajuda do amigo e Karateca o Professor Atila Ramos, que desde o início, ainda na apresentação da ideia mostrou-se determinado. Mesmo sabendo dessa forte exposição, ainda sim seguiu como exemplo, e mostrou a verdadeira força de um autêntico guerreiro. Em nenhum momento retrocedeu, e por isso, e por todo empenho em nos contar a sua história, devo parabeniza-lo por sua atitude acima de tudo altruísta, seu intuito mostrou-se no sentido de conscientizar as pessoas sobre esse problema sério que é a dependência química. 

Acredito meu caro amigo que se podermos resgatar 1 vida nesse trabalho será a melhor recompensa que poderemos receber. Parabéns! 

Muito obrigado! 


CONCLUSÃO 

Nesse estudo podemos obter alguns indícios para razões ou motivos pelas quais as pessoas chegam a o quadro de dependência química. 

Um dos pontos que gostaria de destacar está justamente na formação da personalidade dos indivíduos, embora esse assunto seja bastante intenso e controverso, é preciso que apenas seja dito que as questões como ausência de figuras familiares durante a formação inicial da criança até o momento de sua adolescência é um fator que favorece a  mencionada: "Fuga da Realidade". 

Outros fatores sociais e emocionais também são preponderantes como a falta de condições favoráveis ao pleno desenvolvimento, a falta de moradia, o difícil acesso à educação, e muitos fatores sociais que realmente estão na balança como forte influência para que o indivíduo cresça e se desenvolva física e psicologicamente saudável ou não. 

Acredito que é preciso corrigir esse problema com os recursos que temos. E a educação preventiva, é a arma mais eficaz e também acessível ao nosso favor. 

E você me pergunta, e o Karate-Do, o que tem a contribuir? 

Eu digo a você o Karate-Do vai lhe oferecer um tratamento natural, onde você não desejará sair da realidade para se sentir bem consigo mesmo, você será conduzido a uma pratica que vai além de uma luta marcial, existe todo um aspecto espiritual e por que não dizer, uma mudança intelectual através da prática. Você estará constantemente buscando a paz em tempos de guerra. 

Com diria um provérbio que já ouvi: É melhor ter guerreiro no jardim do que um jardineiro na guerra. 

Assim o desenvolvimento cognitivo através da pratica do Karate-Do aumentará na medida que sua prática se tornar constante, com o tempo você será capaz de resolver múltiplos problemas ao mesmo tempo. Com a pratica ostensiva, os treinos estarão fazendo essa faxina, limpando o seu corpo e eliminando o tóxico. A sua mente estará condicionada ao autodesenvolvimento e busca pelo aperfeiçoamento, logo seu corpo lhe dirá:

Eu não preciso de nada mais, além de uma boa sessão de treinamento. 

A prática de atividade física está associada à liberação de substâncias, uma delas é a endorfina, ela age no cérebro proporcionando-lhe estado de prazer e relaxamento. (SHER, 2001)

Com base nessa informação acima, o que buscamos a cada segundo não seria esse tal estado de prazer? 

Também ocorrerá através do treinamento físico e em conjunto, o aumento da força e resistência muscular, da flexibilidade, do tônus muscular e da agilidade, reduzindo a gordura corporal, depressão, compulsão e o estresse. 

Logo se você entender a intensidade e o espirito da pratica marcial, associado á questões comportamentais. Além do aspecto cognitivo que estará em permanente evolução você terá o melhor tratamento natural para esse mal denominado como dependência química. 

“Quando você realmente consegue a cura para o seu corpo. O que lhe permite permanecer assim em pé, integro, e em estado de harmonia é o que gosto de chamar de cura da psique.” 

OSS! 
Jefferson Oliveira Professor de Educação Fisíca e estudante de Karate-Do Shotokan 
#APRENDEMOSJUNTOS


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

https://noticias.r7.com/saude/epidemia-de-crack-atinge-dois-milhoes-e-coloca-brasil-no-topo-do-ranking-de-consumo-da-droga-29052017 (Acesso em 01/10/2018) 

http://apadd.org/ (Acesso em 02/10/2018) 

http://www.efdeportes.com/efd166/atividade-fisica-no-tratamento-de-dependentes-quimicos.htm (Acesso em 02/10/2018) 

SHER, L. Role of endogenous opioids in the effects on light on mood and behavior. Med. Hypoth. v.57, n.5, p.609-11, 2001. 

http://www.cepe.usp.br/?page_id=36 (acesso em 02/10/2018) 

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

O KARATECA OSCAR LUTA CONTRA UMA DOENÇA QUE QUASE O DEIXOU TETRAPLÉGICO. E A BUSCA POR MAIOR INCLUSÃO NO KARATE.


Olá Karatecas esse mês resolvi falar sobre um tema da maior importância, e muito relevante,  que é a inclusão social, é sabido que o dia 21 de setembro é o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência.

Os dados do IBGE apontaram a pouco tempo que apesar de representarem cerca de 24% da população brasileira e que o Brasil tem cerca de 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. A dura realidade é que essas pessoas não vivem em uma sociedade adaptada. Vale salientar que esse % diz respeito a existência de doenças, traumas, ou até mesmo incapacidades adquiridas pela idade avançada. 

Decidi enfatizar esse tema ao observar as dificuldades que são relatadas por pessoas PCD que praticam o Karate, e que efetivamente querem participar das competições esportivas. 

O que deu maior relevância á está matéria, é ouvir que atualmente o desrespeito ainda é muito grande com essas pessoas, seja na questão da locomoção até os diversos lugares, e até mesmo no uso indevido de vagas especiais em estacionamentos. 

E esse tema é imenso, por esse motivo resolvi trazer um convidado que vive e sofre na pele esses problemas, ele que nasceu e se desenvolveu plenamente sem os problemas motores, porém por um infortuno ocorrido durante sua fase adulta, ele quase ficou tetraplégico, e com muito esforço conseguiu forças para gradualmente melhorar sua a qualidade de vida. E uma das ferramentas encontradas foi a pratica do Karate, que além da melhora na questão da auto-estima, também conseguiu evoluir na sua função neuromotora. 

Ele que é muito esforçado e determinado e que luta arduamente para ver seus direitos respeitados na vida e na pratica do Karate, e busca sempre sobretudo o bem-estar coletivo. 

O nosso convidado de hoje é o Karateca Oscar Garcia Braga Neto, que irá ao logo dessa entrevista nos contar a suas vivências, seus anseios e suas dificuldades. Creio que será esclarecedor durante essa leitura colocarmo-nos ainda que de forma imaginária na posição desse grande guerreiro. 

Antes, vamos a uma breve explicação sobre a terminologia usada para esse grupo de pessoas PCD.

Afinal o que é PCD? 

A sigla PCD, ainda é muito discutida no sentido de determinar e abranger a todas as pessoas que sofrem com as mais diversas privações. Existem diversos tipos de problemas que englobam a palavra deficiência, seja ela de ordem: física, cognitiva ou até mesmo motora. 

Mais vale dizer que PCD é o termo legal e técnico a ser utilizado, também gosto de me referir de forma mais humana usando o termo: pessoas com necessidades especiais, mais certamente é particular para mim, visto que necessidade especial pode estar atrelado a falta ou ausência de outras necessidades como por exemplo: a comida, a moradia, a saúde e etc.  E por isso usarei o termo técnico PCD. 


RAIO X DO ENTREVISTADO 

Oscar Garcia Braga Neto, atualmente com 43 anos de idade iniciou a pratica do Karate em 1990. Hoje está com cerca de 5 anos de prática efetiva do Karate ao longo de sua história. 

Já foi militar por 2 anos, chegou a praticar Karate Goju Ryu e também um pouco de Jiu-Jitsu, retornando ao Karate Shotokan. 

Atualmente 1º Kiu faixa marrom Karate Shotokan pela Federação Paulista de Karate 

Tendo realizados diversos cursos técnicos e de aperfeiçoamento, com destaque para os cursos de Arbitragem e de Kihon pela FPK e Curso EAD de Arbitragem com Sensei André Maraschin.
Recentemente participou do Seminário Karate para a Vida com senseis: Hélio Arakaki e Paulo Bartolo. 

Vamos a entrevista... 


Jefferson: Oscar como você conheceu o Karate Do? E o que motivou você a praticar esta arte marcial? 
Oscar Garcia: Conheci o Karate aos 10 anos de idade, vendo o ator Jean Claude Van Damme onde me tornei fã do ator e da arte que ele trazia aos filmes. 


Jefferson: Como surgiram seus problemas físicos? E como foi para você naquele momento lidar com a perda dos movimentos? 
Oscar Garcia: Minha doença surgiu aos 24 anos, do nada como uma simples dormência do joelho para baixo e rapidamente foi se estendendo para o corpo todo. 
De um jovem normal ver sua vida mudar aos poucos, onde uma doença tomava conta de seu corpo sem muito que fazer e todos os médicos não tinham um diagnóstico concreto, nem uma cura que parasse tudo aquilo. 


Jefferson: Qual o nome da doença ou enfermidade a qual você foi diagnosticado? E quais os principais causadores no seu caso? 
Oscar Garcia: Bom, o nome da doença que tive foi Pólio Neuro Radico Grave, onde ocorre a perda da bainha dos neuros, toda a proteção do meu nervo foi desintegrada. O motivo por ter tido essa doença os médicos não deram um diagnóstico. O motivo de ter essa doença, podendo ser transmitida pelo carrapato, carga neural ou então por diversos motivos. 


Jefferson: Algumas pessoas impõe uma barreira mental limitando assim a suas capacidades físicas. Hoje como você lida com as dificuldades físicas e até mesmo com a ansiedade, tendo em vista ainda algumas dificuldades motoras que você enfrenta? 
Oscar Garcia: Para tudo o princípio começa na mente, todas as dificuldades, medos e ansiedades a mente controla, mas a forma de lidar com isso que muda a pessoa. Às vezes você está com dor, o trabalho mental é importante, é isso que faz um deficiente olhar e seguir em frente. Mudar sua mente para seu crescimento, a sua evolução. Todos os dias as barreiras devem ser enfrentadas, a superação diária é imensa. 
Eu fiquei tetraplégico, enxergava embaçado e aos 24 anos não ter uma resposta se sobreviveria tudo aquilo, se teria cura, só mexer do pescoço para cima, tudo paralisado e os médicos não ter uma solução era muito ruim. 
A palavra é superação, aprendi aos poucos que a vida de uma pessoa são tijolinhos, construir um castelo aos poucos, mudar a cada dia, um processo de evolução mental, sempre sendo melhor dia a dia. É como no Karate começar do básico e evoluir aos poucos, como fazer um kata começando de um Heian Shodan e chegar a um Gankaku. 


Jefferson: Conte-nos como foi esse retorno ao Karate já nessa fase mais complicada. E o que motiva você hoje a seguir em frente? 
Oscar Garcia: Meu retorno ao Karate nesta nova fase de deficiente veio em forma de busca de saúde, de melhora no meu organismo, enfim, devido aos medicamentos que tomava para a melhora da minha doença cheguei a pesar 98 quilos precisava muito emagrecer então comecei a fazer musculação, mas sempre gostei de artes marciais e a academia que eu fazia tinha Jiu-jitsu, decidi fazer porque se caísse do chão não passaria, por ser mais chão no Jiu-jitsu, então depois de 4 meses vi que podia voltar a lutar, então conheci um Sensei chamado Antônio Nascimento que foi muito receptivo me deu muito apoio, com um trabalho especifico para minha deficiência, ter ponto de equilibro ao chutar e então estamos aqui. 
Minha motivação hoje nessa jornada de deficiente é mostrar a pessoas com deficiência ou normais que o karate traz uma alto confiança, como trouxe a minha vida novas vertentes que já estavam dentro de mim, mas ampliou cada uma delas, como caráter, o poder da mente, coordenação motora, e como karateca é trazer essas mudanças para outras pessoas. 


Jefferson: Na sua opinião o que falta para promover mais igualdade? O que pode melhorar em relação aos projetos e incentivo a pessoas com necessidades especiais? 
Oscar Garcia: Bom, o que falta para promover a igualdade é a consciência, não somente levantar uma bandeira, fazendo mudanças físicas em ambientes, mas o respeito a pessoa com necessidades especiais, não somente ter um espaço para o deficiente estacionar o carro, mas, ter a consciência do indivíduo de não estacionar em vaga de deficiente pois, a nossa mobilidade é reduzida e deve ser facilitada. 
Para melhorar a inclusão de pessoas com deficiência em projetos e ter a certeza que temos capacidade de realizar muitas coisas, então ter uma cota para que o PCD, é importante. Exemplo queria participar de um curso por uma determinada escola, eles não falaram com todas as letras, mas eu não me enquadrava naquele curso devido a meu estado físico. Então vejo que falta entendimento não pelos deficientes, mas para que entendam que podemos sim fazer cursos, porém com a limitação de cada um. Tenho certeza que sou capaz de muitas coisas dentro do karate, mas sei o meu limite também. 


Jefferson: Qual a maior dificuldade você sente em praticar o Karate? 
Oscar Garcia: Minha maior dificuldade para praticar o Karate é minha movimentação, alguns giros e pulos, direção e passos do kata. 
Por falta de estabilidade do meu equilíbrio e minha mobilidade. Mesmo assim supero minhas dificuldades e nunca disse que não conseguiria. Faço dentro do meu tempo, e da forma que fique o mais próximo possível do kata que os demais fazem. 


Jefferson: O que você acha que o Karate Do mais influência em seu dia-a-dia nessa busca por melhorar a sua qualidade de vida? 
Oscar Garcia: Karate influencia na minha vida em vários aspectos, primeiramente em disciplina, em questão do autocontrole, auto analise e superação. 
Nunca desisti e o Karate trouxe sonhos a mais, uma garra a mais em levar o Karate á diversas pessoas. 


Jefferson: Em nossas conversas pude notar em você uma grande aplicação, em relação aos estudos e principalmente pela busca de qualificação dentro da arte. Afinal você está sempre presente em cursos e seminários. Você já encontrou alguma tarefa que o impedisse de participar no momento da parte prática nesses eventos. Se puder conte-nos. 
Oscar Garcia: Logo de cara a mente me diz que não consigo, mas a batalha da mente com meu corpo é dizer que não conseguiria fazer certo exercício, ai vem uma força maior que faz com que eu realize o exercício superando o meu medo e minha insegurança em realizar a tarefa, e para minha surpresa supero e realizo o exercício. Então o deficiente tem que ter em mente a superação diária. Nunca desistir. 


Jefferson: Deixe-nos uma mensagem sobre a sua vontade em dar continuidade à prática do Karate Do. Principalmente aqueles que estão em busca de maior motivação. 
Oscar Garcia: Volto a dizer de um jovem normal cheio de sonhos e de repente me tornei uma pessoa com deficiência, o que dizer... tudo está na sua mente, como lidar com o que a vida nos proporciona está na mente, as barreiras e sonhos, estão ali, como você vai superar suas limitações, como você vai conquistar, está ali na sua mente. 

O não já temos para tudo, até para nós mesmos, que muitas vezes nós nos limitamos. Mas não podemos nos entregar a nossas limitações, devemos seguir e buscar os nossos sonhos. 

Eu sigo os meus como Karateca, treino, estudo, leio e faço cursos. 
Faça o mesmo busque seus. Não deixe que ninguém diga que não pode fazer algo, acredite na capacidade de mudar sua vida sendo Karateca, sendo uma pessoa normal ou até mesmo com qualquer tipo de dificuldade. 
Oss! 

AGRADECIMENTOS

Por vezes nos sentimos mais fortes e capazes com o sentimento de que tudo podemos, sem ao menos olhar do lado, tampouco mostrar um sorriso, ou aperto de mãos sincero, um abraço.
Hoje gostaria deixar aqui todos esses gestos de amizade e de gentileza e principalmente respeito ao amigo Oscar pela sua rica história de superação.

Parabéns guerreiro que todos os seus sonhos sejam concretizados e jamais desista de seus objetivos.
Muito Obrigado por essa aula e lição de vida.        


CONCLUSÃO 

Quando ouvi a história inteira do Oscar pela primeira vez confesso que não entendi toda a sua luta em relação a questão da inclusão nas competições esportivas. E no decorrer de nossas conversas percebi a garra e determinação que ele tem. A luta nunca foi só a questão da possibilidade da competição, mais pelo direito de igualdade. 

Não é só uma questão de falar sobre a inclusão em linguagem polida e um discurso politicamente correto. É preciso saber ouvir essas pessoas, porque é natural para muitos só olhar e pensar que a deficiência é fator de impedimento para determinadas práticas. Logo a tarefa é buscar alternativas para realiza-las sem risco a condição atual, algo que efetivamente o ajude a progredir superando os limites. 

Durante esses dias pude observar as pessoas constantemente elogiam um movimento plástico, uma coordenação motora impecável, porém é muito pouco valorizado a questão do esforço. 

Ao indivíduo considerado saudável é fácil elogiar um campeão com a medalha no peito, o difícil é no dia-a-dia é elogiar e incentivar a sua pratica diária em busca por melhorar a condição atual, seja ela física ou técnica.  

Se nós olharmos para as pessoas valorizando o seu esforço logo teríamos um indicador mais correto da evolução pessoal e também da prática. Dar socos para um Karateca bem treinado são simples feitos, o difícil é estender as mãos com sinceridade e respeito. 

Aprendi que ouvir é uma ótima oportunidade, e nos faz questionar os nossos mais profundos sentimentos em relação a prática do Karate Do. O segredo é não se acovardar e nunca aceitar que a vida lhe tire a vontade em lutar por seus ideais. 

A questão não é se 1 pessoa ou se 999 pessoas querem lutar. O que preocupa é se 1000 pessoas simplesmente não fizerem nada. 

OSS! 
Jefferson Oliveira                                                                                                                        Professor de Educação Física e Estudante de Karate Shotokan 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/16794-pessoas-com-deficiencia-adaptando-espacos-e-atitudes.html

https://exame.abril.com.br/brasil/ibge-24-da-populacao-tem-algum-tipo-de-deficiencia/

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