Olá Karatecas, esse mês trago mais um tema forte para analisarmos, discutirmos e aprendermos. É também muito oportuno falarmos sobre esse assunto. No mês anterior travamos uma luta em prol de maior inclusão social dentro do Karate.
Esse mês recebi um alerta de um amigo e ao ouvir parte de sua história de vida e do Karate, resolvi me engajar nos estudos sobre a dependência química. E procurar saber como o Karate-Do pode ser usado também como ferramenta de reabilitação para essas pessoas.
O que me motivou a falar sobre o tema: Dependência Química, foi receber uma mensagem no celular dizendo: Há mais pessoas que precisam de esclarecimentos e de ajuda. Vamos juntos nessa!
Minha ideia é convidar você em uma “VIAGEM” pelo submundo da dependência química. Ops! Viagem no melhor sentido da palavra, haja visto o preconceito que existe sobre os usuários. Mesmo que de forma inconsciente associamos as pessoas que fazem uso de Drogas e demais alucinógenos com a imagem da derrota.
Embora eu não seja profundo conhecedor desse tema resolvi ir em busca de conhecimentos que me fizessem compreender o que se passa na cabeça de alguém com dependência química, para então formular algumas teorias sobre o que conduz as pessoas a esse terrível quadro.
Obviamente muitos são os tipos de dependência química, sejam através de drogas antidepressivas ou substancias altamente nocivas à saúde. Eis um dado alarmante no Brasil:
Só o Brasil representa 20% do consumo mundial de crack, e é o maior mercado da droga no mundo. No País, aproximadamente dois milhões de pessoas já usaram a droga, segundo a pesquisa mais recente do Lenad (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas), realizado em 2012 pela Unifesp.
E para quem não sabe o Crack (variação mais barata da cocaína) pode causar perda de apetite, do sono, depressão, e pode até matar.
Porém o que se torna mais relevante e sustenta o objetivo desse estudo é tentar demonstrar o quanto o Karate-Do pode ajudar no combate a esse terrível mal que assolam as crianças, jovens e adultos. E para isso recebo hoje um amigo e professor de Karate.
Ele que de forma corajosa resolveu expor publicamente momentos de dificuldade que passou a tempos atrás. Ele que também deseja demonstrar os efeitos que o treinamento, conjuntamente com toda a filosofia e os teóricos propostos pela arte marcial caminho das mãos vazias (Karate-Do).
Esses ensinamentos foram e ainda são essências nessa árdua caminhada para se livrar do consumo de entorpecentes e se manter limpo nessa fase renovada de sua vida.
Meu convidado de hoje é o Professor de Karate Shotokan Atila Ramos.
RAIO X DO ENTREVISTADO
Atila Ramos, 34 anos, professor de Karate 1º Dan estilo Shotokan, criador de desenvolvedor do projeto Genki de Karate Solidário na cidade de Mairiporã, um projeto que ajudou a vida de mais 300 pessoas na cidade de Mairiporã.
Atualmente presidente do Grupo Caminho das Artes (grupo que desenvolve atividades no campo das artes marciais, bélicas, rítmicas, plástica e cultural) e fundador do Tengu Karate Dojo.
Formado faixa preta pela Associação Nishikawa do Sensei Divino Carlos, já fez cursos com Christoper Pinna, Oswaldo Messias, Douglas Brose, Ennio Vezulli, Takashi Shiigeeda e Jair Pedro.
Vamos a nossa entrevista...
Jefferson: Atila San como você conheceu o Karate-Do? E qual(is) motivos os conduziu aos primeiros passos dentro da arte?
Atila Ramos: Conheci o Karate ainda muito novo, fiz minha primeira aula com lendário Takashi Shigeeda, mas não dei continuidade, fui me apaixonar pela arte alguns anos após com Sensei Luciano e Sensei Wiliam, na quadra de samba do Peruche, no fim do ano de 1994. Com eles fui até a faixa vermelha e participei dos meus primeiros campeonatos, na época eu brigava muito na rua (apanhava dos meninos maiores ) e descobri no Karate um meio de me defender e evitar tais conflitos.
Jefferson: Com base em experiências ruins que você viveu no passado. O que conduz as pessoas a se tornarem dependentes químicos? E em seu caso o que o prendeu nessa condição por um período da sua vida?
Atila Ramos: A consciência de ser dependente químico demorou. Na época ainda haviam muitas propagandas de cigarros e bebidas, e nelas sempre a imagem de liberdade, meu contato com as drogas foram através do cigarro e da bebida e aos poucos outras drogas foram seduzindo, com outras propagandas, acredito que a falta de uma estrutura emocional, de uma base familiar solida facilita uma pessoa a entrar neste mundo, porém, não podemos dizer que seja apenas isso, o uso das drogas é uma fuga da própria realidade ou uma tentativa de fuga, aprendi vivenciando isso, que a vida por mais dura que seja deve ser vivida em cada segundo, em cada momento, as drogas me levaram a dormir nas ruas e em casas abandonadas, me tiraram tudo o que eu tinha de material e de quem eu era, me livrar delas me ajudou a reconstruir tudo isso
Jefferson: O que efetivamente as drogas causaram em você a médio e longo prazo? Conte-nos algumas experiências ruins que você viveu se puder.
Atila Ramos: As drogas no início parecem ser coisas legais, gente a sua volta, ideias que parecem fantásticas, sensações que sóbrio não se sente, durante o efeito de todas elas tudo parece ser bom, mas o preço que se paga por elas é muito alto, eu perdi a dignidade, o teto, o caráter, já fui agredido, já fui acordado com jato de água, o caso mais extremo foi ser acordado com uma arma apontada para meu rosto, perdi 80% do meu olfato pelo consumo de cocaína e drogas inalantes, e minha memória foi afetada pelo consumo excessivo.
Jefferson: Dizem alguns dependentes químicos que é sempre uma batalha diária manter-se limpo. Você pode nos contar como foi, ou como é lidar com isso?
Atila Ramos: Caro Jefferson, estou alguns anos limpo e ainda tem dias em que a vida não está 100%, ou algo não acontece como espero, ai que me vem aquele pensamento de usar, porém, geralmente quando estou nestes momentos procuro pensar na minha família, de como era o medo de dormir sem saber o que poderia acontecer, procuro treinar algumas movimentações, estudo um kata, leio um livro, enfim, me afasto da ideia de fuga da realidade, sei que serei dependente químico para o resto da minha vida, mas a luta diária não é para não usar, é sim, não pensar em usar.
Para me livrar dos vícios, no caso do cigarro desenvolvi um sistema para auxiliar nesse processo, fiz um makiwara em uma arvore que tinha no quintal da minha casa, e todas as vezes que dava vontade de fumar eu ia até o aparelho e dava 10 tsukis, 10 gueris, 10 ukes, alongava e voltava para casa, este processo durou 2 anos, e hoje quando me pego com vontade de fumar cigarro (geralmente me vem à lembrança do gosto do cigarro, já que não tenho memoria olfativa do cheiro) eu faço algumas movimentações, alongo e respiro.
Jefferson: E o Karate-Do que papel teve em sua recuperação? E você teve apoio de outros Karatecas nessa fase?
Atila Ramos: Eu sempre digo que o Karate salvou minha vida, quando iniciei meu treinamento com o Sensei Divino Carlos eu ainda era dependente químico ativo, e em cada treino, em cada conversa com o sensei fui ganhando ferramentas, fui batalhando comigo mesmo para conseguir superar, cada dia era uma luta diferente, em maior ou menor escala o karate me trouxe algo que eu traduzo como auto confiança, mas foi mais que isso, o primeiro DOJO KUN que sempre liamos no dojo era: Esforçar-se para a formação do caráter, e para meu entendimento isso mostra que o dever do Karate é ir desenvolvendo nosso caráter dia-a-dia, formando e moldando ele, e não que ele já está pronto, outro DOJO KUN que me foi importante a época, e ainda é, é o que diz: Criar o intuito de esforço, afinal, para vencer é necessário muito esforço.
Jefferson: E na vida dentro dos tatames. Qual foi o momento mais marcante em sua caminhada como karateca?
Atila Ramos: Os momentos marcantes, foram vários, mas em relação a esta luta contra o vício foi quando um amigo, sensei Padoan, um dia conversando comigo falou que sentia orgulho, porque sabia que a luta contra o vício me deu ferramentas para ser um sensei melhor, se não me engano ele disse algo como: imagino como deve ter sido difícil. E aquilo por mais corriqueiro e simples que pareça, me deu forças para seguir o caminho adiante, este tipo de reconhecimento é importante, mostra que não estamos sozinhos no mundo.
Jefferson: Muitos karatecas constantemente relacionam o Dojo e os amigos de treino comparando-os com uma grande família. Como você descreve essa relação particularmente dentro de sua vida e com seus alunos?
Atila Ramos: Hoje não tenho como não comparar o karate com a minha família. Comecei a dar aulas devido a minha filha Ariadne (a mais velha atualmente com 10 anos) que tinha 6 anos e um dia vira e diz que quer treinar karate comigo, eu de prontidão disse que a levaria no sensei Divino (que é avô dela), mas ela disse que queria que eu a ensinasse, mas para isso eu teria que parar de fumar, na época fazia um ano que estava morando comigo e um ano que estava separado da mãe dela, e fumava cerca de 30 cigarros por dia, neste processo de parar de fumar eu mergulhei em treinamento, teria que estar preparado para dar aulas a ela, nesse período conheci o Vinicius (Vinikun) que se tornou meu primeiro aluno (primeiro aluno formado faixa preta) e 6 meses após minha filha iniciou os treinamentos comigo, junto com mais 6 alunos. Isto marcou como o inicio de minha carreira como sensei (apesar de eu ainda estar na faixa marrom nessa época)
Jefferson: Quais foram as pessoas que mais te apoiaram nessa fase de recuperação? E como ocorreu esse processo?
Atila Ramos: Poderia passar horas escrevendo o nome de pessoas que direta e indiretamente foram importantes neste processo, que apoiaram e me ajudaram, mas vou destacar a minha família, que foi a base de tudo, meu sensei e diversos conselhos, campeonatos, cursos, treinos enfim, aos meus alunos que acreditaram que eu poderia ajudar, aos muitos pais de alunos que confiaram em meu trabalho, a minha filha que foi minha maior incentivadora para me tornar uma pessoa melhor e ao sensei Funakoshi que desenvolveu mais que uma luta de socos e chutes, mas um sistema de pensamento que trabalha em se tornar uma pessoa melhor.
Jefferson: Falando abertamente o que você enxergou dentro da prática do Karate-Do que o deixou mais forte durante a sua peleja contra a dependência química?
Atila Ramos: Inicialmente foi a luta, quando reiniciei a prática, shiai kumite era minha paixão, porém, meu sensei passava muito kihon, muito kata e isso foi se tornando um paralelo entre o combate ao vício e o aprendizado, como disse minha memória foi afetada com o uso das drogas, ou seja, demoro um pouco mais que o normal para assimilar as técnicas e as sequencias dos katas, então isso passou a ser um desafio que valia a pena, outra coisa que me fortificou muito foi me descobrir como um bom comunicador, e por consequência um certo dom para ensinar, sou muito detalhista porque preciso desses detalhes para entender e assimilar as técnicas, então diria que o que me chamou mais atenção no primeiro plano foi o kumite, porém, minha paixão se tornou o kata, o kata é uma luta onde tem que se enfrentar inimigos imaginários, ou seja, em cada kata luto contra uma falha que tenho, um vício, um defeito, em cada movimento, ganho auto confiança, ganho experiência e vida para seguir em frente
Jefferson: Em nossas conversas você me disse que queria ajudar outras pessoas contando as experiências que vivenciou. Nessa fase sóbria da vida, você já conseguiu efetivamente ajudar na recuperação de outras pessoas com dependência química através da pratica do Karate-Do?
Atila Ramos: Tenho um aluno atualmente que está nessa batalha contra os vícios, além de aluno ele foi uma das pessoas que fizeram parte do período em que estava usando drogas, ele veio me pedir ajuda, e eu mostrei o karate, fiz o papel do meu sensei (e ainda faço) aconselhando, chamando para treinar, incentivando, enfim, acreditando que ele é capaz de lutar contra os defeitos e vícios dele, porém, este veio abertamente. Tenho um caso legal que foi um aluno que era usuário e pensava que eu não sabia, e um dia eu comentei com a turma, como era difícil, e que eu tinha superado, que sempre que eles chegavam no tatame e me viam treinando era porque essa era uma das formas que eu vi como lutar contra os vícios e este cara acabou me usando como exemplo, a alguns meses recebi uma ligação dele no WhatsApp e ele me dizendo que desde o dia que falei no Dojo ele não usou mais nenhuma droga e queria me agradecer. Me emociona falar disso porque acho que nós professores (senseis) nem sempre temos a noção da importância do nosso trabalho na vida daqueles que estão ali na nossa frente durante as aulas.
Jefferson: Caro Atila San você poderia nos deixar uma mensagem sobre a luta, e vitória sobre as drogas?
Atila Ramos: Eu sou dependente químico inativo, faixa branca eternamente, já morei nas ruas, já comi o pão que o diabo amassou com areia. Um dia conheci o Karate e com isso conheci o budo e pessoas incríveis, todas elas acreditaram em mim, mas só consegui vencer todos os machucados que a vida me deixou, no dia que eu comecei a acreditar em mim mesmo, quando lutar deixou de ser bater no outro, quando um campeonato parou de ser só a medalha, quando o Karate salvou minha vida, foi quando eu me peguei me segurando nele para não desistir de mim mesmo.
O karate é capaz de fazer nossas vidas se tornarem melhor, criam laços fortes, criam laços de familia, mas depende de todos nós nos esforçarmo-nos a melhorar nosso caráter, a desenvolver nosso ímpeto e desejo de esforço, depende de nós a cada treino, ter fidelidade com nossa realidade e nos entregar ao treino de verdade, é aprender a respeitar nossos limites, mas também os limites dos outros, é lutar todos os dias contra impulsos, desejos e agressividades sejam eles em nós ou para com os outros. O karate salvou minha vida e pode salvar a de muitas pessoas que assim como eu estão na luta contra a dependência.
Aos senseis que tiverem a oportunidade e o desejo de se aprofundar ou até mesmo desenvolver, clinicas de reabilitação aceitam trabalhadores como voluntários, uma hora por semana, pode fazer com que o karate salve a vida de outras pessoas, pesquise, pode ser um campo em que o Karate ganhe ainda mais pessoas com desejo de seguir o Dojokun no dia-a-dia e não somente no final do treino
AGRADECIMENTO
Esse estudo só foi possível através da ajuda do amigo e Karateca o Professor Atila Ramos, que desde o início, ainda na apresentação da ideia mostrou-se determinado. Mesmo sabendo dessa forte exposição, ainda sim seguiu como exemplo, e mostrou a verdadeira força de um autêntico guerreiro. Em nenhum momento retrocedeu, e por isso, e por todo empenho em nos contar a sua história, devo parabeniza-lo por sua atitude acima de tudo altruísta, seu intuito mostrou-se no sentido de conscientizar as pessoas sobre esse problema sério que é a dependência química.
Acredito meu caro amigo que se podermos resgatar 1 vida nesse trabalho será a melhor recompensa que poderemos receber. Parabéns!
Muito obrigado!
CONCLUSÃO
Nesse estudo podemos obter alguns indícios para razões ou motivos pelas quais as pessoas chegam a o quadro de dependência química.
Um dos pontos que gostaria de destacar está justamente na formação da personalidade dos indivíduos, embora esse assunto seja bastante intenso e controverso, é preciso que apenas seja dito que as questões como ausência de figuras familiares durante a formação inicial da criança até o momento de sua adolescência é um fator que favorece a mencionada: "Fuga da Realidade".
Outros fatores sociais e emocionais também são preponderantes como a falta de condições favoráveis ao pleno desenvolvimento, a falta de moradia, o difícil acesso à educação, e muitos fatores sociais que realmente estão na balança como forte influência para que o indivíduo cresça e se desenvolva física e psicologicamente saudável ou não.
Acredito que é preciso corrigir esse problema com os recursos que temos. E a educação preventiva, é a arma mais eficaz e também acessível ao nosso favor.
E você me pergunta, e o Karate-Do, o que tem a contribuir?
Eu digo a você o Karate-Do vai lhe oferecer um tratamento natural, onde você não desejará sair da realidade para se sentir bem consigo mesmo, você será conduzido a uma pratica que vai além de uma luta marcial, existe todo um aspecto espiritual e por que não dizer, uma mudança intelectual através da prática. Você estará constantemente buscando a paz em tempos de guerra.
Com diria um provérbio que já ouvi: É melhor ter guerreiro no jardim do que um jardineiro na guerra.
Assim o desenvolvimento cognitivo através da pratica do Karate-Do aumentará na medida que sua prática se tornar constante, com o tempo você será capaz de resolver múltiplos problemas ao mesmo tempo. Com a pratica ostensiva, os treinos estarão fazendo essa faxina, limpando o seu corpo e eliminando o tóxico. A sua mente estará condicionada ao autodesenvolvimento e busca pelo aperfeiçoamento, logo seu corpo lhe dirá:
Eu não preciso de nada mais, além de uma boa sessão de treinamento.
A prática de atividade física está associada à liberação de substâncias, uma delas é a endorfina, ela age no cérebro proporcionando-lhe estado de prazer e relaxamento. (SHER, 2001)
Com base nessa informação acima, o que buscamos a cada segundo não seria esse tal estado de prazer?
Também ocorrerá através do treinamento físico e em conjunto, o aumento da força e resistência muscular, da flexibilidade, do tônus muscular e da agilidade, reduzindo a gordura corporal, depressão, compulsão e o estresse.
Logo se você entender a intensidade e o espirito da pratica marcial, associado á questões comportamentais. Além do aspecto cognitivo que estará em permanente evolução você terá o melhor tratamento natural para esse mal denominado como dependência química.
“Quando você realmente consegue a cura para o seu corpo. O que lhe permite permanecer assim em pé, integro, e em estado de harmonia é o que gosto de chamar de cura da psique.”
OSS!
Jefferson Oliveira Professor de Educação Fisíca e estudante de Karate-Do Shotokan
#APRENDEMOSJUNTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://noticias.r7.com/saude/epidemia-de-crack-atinge-dois-milhoes-e-coloca-brasil-no-topo-do-ranking-de-consumo-da-droga-29052017 (Acesso em 01/10/2018)
http://apadd.org/ (Acesso em 02/10/2018)
http://www.efdeportes.com/efd166/atividade-fisica-no-tratamento-de-dependentes-quimicos.htm (Acesso em 02/10/2018)
SHER, L. Role of endogenous opioids in the effects on light on mood and behavior. Med. Hypoth. v.57, n.5, p.609-11, 2001.
http://www.cepe.usp.br/?page_id=36 (acesso em 02/10/2018)